Atividades Núcleo Elieté Ramos

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- Como ter rins saudáveis





Guia dos rins saudáveis


É possível proteger este importante órgão e garantir mais saúde.
Silenciosa, desleal e traiçoeira. Esses são apenas alguns dos adjetivos normalmente associados às doenças renais. E com razão. Os males do rim não apresentam sintomas. Ninguém reclama de falta de ar, dor no peito ou queimação no estômago, por exemplo, quando os rins deixam de funcionar.

Quando o indivíduo começa a sentir os primeiros sinais, como dificuldade para urinar, inchaço nas pernas e dor lombar, já pode ser tarde demais. Em outras palavras: neste estágio da doença, os rins já podem estar irremediavelmente paralisados. Daí em diante, há muito pouco a fazer.
Segundo dados da Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), 87 mil pacientes fizeram diálise no País em 2008. Este número cresceu 84% se comparado ao ano de 2000, quando 42,7 mil brasileiros foram submetidos à técnica, que visa a reproduzir uma das principais funções renais: a de eliminar substâncias tóxicas do organismo através da urina. Nos casos mais graves, a insuficiência renal pode levar à perda do órgão e à morte do paciente.

Em 2008, segundo informações do Ministério da Saúde, foram realizados no Brasil 3.154 transplantes de rins e, em 2007, 3.040. Só no primeiro semestre de 2009, foram realizados 1.237 em todo o País. Atualmente, 31.270 pacientes aguardam na fila por um transplante do órgão. Os Estados com mais pessoas na fila do transplante são: São Paulo (10.176), Rio de Janeiro (3.566) e Minas Gerais (2.994). Ao todo, a SBN calcula que o Brasil já tenha realizado cerca de 25 mil transplantes de rins.

"O Brasil já é o quarto país do mundo em número de pacientes em diálise, atrás somente dos EUA, Japão e Alemanha. Além disso, realiza uma média de 3 mil transplantes por ano. É um número baixo se considerarmos que existem mais de 30 mil pacientes na fila de espera por um rim. Ou seja, dos quase 90 mil pacientes que fazem diálise no Brasil, apenas 30 mil estão na fila do transplante. Deste total, não conseguimos transplantar nem 10% dos pacientes por ano. E o pior é que a tendência da fila é crescer cada vez mais", afirma o nefrologista Fabrício Guimarães Bino, do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF), no RJ.


FATORES DE RISCO
Na maioria das vezes, os pacientes renais que fazem diálise ou que aguardam na fila por um transplante são portadores das duas principais doenças que, se não forem tratadas precoce e adequadamente, podem levar o indivíduo à insuficiência renal: a hipertensão e o diabetes. Segundo estimativas da SBN, 35,8% dos 87 mil brasileiros que fizeram diálise no País em 2008 sofrem de nefroesclerose hipertensiva e 25,7%, de nefropatia diabética. A glomerulonefrite, que já foi a principal responsável por doenças renais crônicas no Brasil, aparece em terceiro lugar, com 15,7%.


Também conhecida como nefrite crônica, a glomerulonefrite resulta de uma inflamação crônica dos rins que, se não for controlada a tempo, pode levar à perda das funções renais. Outras causas de insuficiência renal crônica são rins policísticos (numerosos cistos que crescem nos rins, destruindo-os) e pielonefrite (infecções urinárias repetidas devido à presença de alterações no trato urinário, como pedras e obstruções), entre outras doenças congênitas.

"Algumas delas são inevitáveis, mas outras, não. E as duas principais doenças que levam à insuficiência renal, hipertensão e diabetes, têm prevenção. O problema é que os rins só começam a apresentar sintomas depois de já terem perdido mais de 50% de suas funções. Por isso mesmo, o ideal é não esperar apresentar sintomas para procurar um médico", afirma o urologista Eloísio Alexsandro da Silva, da Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro.


LIMPEZA GERAL
Os rins fazem parte do nosso sistema urinário e estão localizados na parte inferior da região lombar. Embora cada rim tenha pouco mais de 10 centímetros de comprimento e 5 centímetros de largura, não se engane: a nossa sobrevivência depende do bom funcionamento deles. A primeira - e mais importante - função renal é a eliminação de substâncias tóxicas pela urina. Como isso se dá? Simples...


O sangue entra nos rins através da artéria renal. Logo, substâncias que se acumulam no sangue e são prejudiciais ao organismo são filtradas pelos rins e eliminadas pela urina. Em seguida, o sangue, devidamente filtrado, volta a circular pelo corpo humano por uma veia renal. "Quando os rins não funcionam direito, as toxinas que eles deveriam eliminar através da urina se acumulam e trazem prejuízos para o organismo", alerta Fabrício Guimarães Bino. Segundo especialistas, os rins filtram todo o sangue de um indivíduo cerca de 290 vezes por dia!

"Os rins são incansáveis e a grande maioria da população nem sabe que eles existem. Só para ter uma ideia, eles filtram uma média de 180 litros de sangue por dia! Se os rins não mantêm o sangue limpo, o organismo não trabalha direito. É como se fosse o óleo do carro, que precisa ser constantemente trocado para o veículo funcionar bem", compara o nefrologista Eduardo Rocha, da Sociedade de Nefrologia do Estado do Rio de Janeiro (Sonerj).


Os sinais da Insuficiência Renal:
1. Alteração na cor da urina (a urina adquire uma coloração escura, quase sanguinolenta);
2.Dor ou queimação ao urinar;
3. Mudança no hábito de urinar (passa a urinar com mais frequência e, principalmente, à noite);
4.Urina com muita espuma;
5.Inchaço nas pernas e ao redor dos olhos;
6. Dor lombar;
7. Pressão arterial elevada;
8.Anemia ou palidez fora do habitual;
9.Fraqueza e desânimo constantes;
10.Sensação de náusea e vômito pela manhã.


DE OLHO NA CREATININA
Quando os rins não funcionam direito, certas toxinas, como a ureia e a creatinina, se acumulam no organismo. É por isso que essas substâncias são usadas pelos médicos para avaliar a gravidade da doença. Segundo eles, se determinada pessoa pertence aos principais grupos de risco para doenças renais, como hipertensos, diabéticos ou maiores de 50 anos, deve pedir ao seu médico para avaliar o estado de seus rins, por meio de exames de urina, que avaliam a quantidade de ureia, e de sangue, a dosagem de creatinina.


"Se o indivíduo tem histórico de doença renal na família, deve procurar orientação médica o mais precocemente possível. Nestes casos, aconselhamos uma avaliação com urologista ou nefrologista pediátrico, já nos primeiros anos de vida. Se tem outros fatores de risco, como hipertensão ou diabetes, deve buscar avaliação médica periódica, de preferência de 6 em 6 meses", pondera Eloísio Alexsandro da Silva.


Na maioria das vezes, a evolução da doença renal é lenta e, quanto mais cedo for iniciado o tratamento, melhor o prognóstico. "A creatinina é uma espécie de marcador de impurezas. Quando os rins não estão funcionando bem, o índice de creatinina tende a aumentar no sangue. Por isso mesmo, as pessoas precisam aprender que a dosagem de creatinina para a prevenção das doenças renais é tão importante quanto a do colesterol para as cardiovasculares", compara Eduardo Rocha.


SÃO DUAS AS PRINCIPAIS DOENÇAS QUE, SE NÃO FOREM TRATADAS PRECOCE E ADEQUADAMENTE, PODEM LEVAR O INDIVÍDUO À INSUfiCIÊNCIA RENAL: A HIPERTENSÃO E O DIABETES

ÓRGÃO VITAL
Mas os rins não são responsáveis, apenas, por eliminar toxinas do organismo. Deles depende, também, a produção de hemácias. Os rins liberam um hormônio, a eritropoetina, que regula a produção dos glóbulos vermelhos do sangue. "É por isso que um dos principais problemas enfrentados por quem sofre de insuficiência renal é a anemia", explica Eloísio Alexsandro.

Outra função importante dos rins é regular a nossa pressão sanguínea. São eles que controlam as concentrações de sódio do organismo. Quando os rins não trabalham como deveriam, a pressão sanguínea tende a subir mais do que o desejado e provoca inchaço ao redor dos olhos e nas pernas, principalmente.

Se os rins estão muito debilitados, deixam de cumprir as suas funções e põem em risco a vida do paciente. Neste estágio, a pessoa começa a apresentar sintomas como fraqueza, náuseas, vômitos, inchaço e anemia. A alternativa, então, é substituir as funções renais por algum tipo de tratamento: a diálise ou o transplante. Quanto à diálise, existem dois tipos: a hemodiálise e a diálise peritoneal. A hemodiálise busca promover a retirada das substâncias tóxicas do organismo por meio da passagem do sangue por um filtro artificial.

OPÇÕES DE TRATAMENTO
Logo no início do tratamento, os médicos constroem, cirurgicamente, uma fístula, que servirá de ligação entre uma veia do braço do paciente e uma artéria para aumentar o fluxo de sangue. A cada sessão, o sangue é retirado por uma agulha injetada na fístula. O sangue, então, passa por um cilindro cheio de capilares, pelos quais acontece a filtração do sangue. As impurezas ficam retidas no cilindro enquanto o sangue, já devidamente filtrado, volta para o organismo através de um cateter introduzido em outra veia do braço. Normalmente, esse procedimento é feito três vezes por semana e cada sessão de hemodiálise dura, em média, de 3 a 4 horas.

Já a diálise peritoneal funciona de maneira diferente. Em vez de usar um filtro artificial para "limpar" o sangue do paciente com insuficiência renal, utiliza-se o peritônio - membrana que reveste, internamente, as paredes do abdome. Mas como funciona a diálise peritoneal? Através da colocação de um cateter flexível no abdome do paciente, é feita a infusão de um líquido semelhante a um soro na cavidade abdominal. Após ser infundido, o líquido, que os médicos chamam de "banho de diálise", vai permanecer por algumas horas no abdome do paciente até ser drenado.

Embora as doenças renais sejam assintomáticas, os médicos chamam a atenção dos pacientes considerados de risco, como hipertensos, diabéticos e acima dos 50 anos, para certos hábitos relacionados ao sistema urinário. "Se uma pessoa não tem o hábito de ir ao banheiro à noite, mas, de repente, começa a levantar duas ou três vezes de madrugada para urinar, essa é uma indicação precoce de que ela pode ter doença renal crônica", avisa Jocemir Lugon, da Câmara Técnica de Nefrologia do Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro (Cremerj).

Chefe do setor de Nefrologia do Hospital Federal da Lagoa do Rio de Janeiro, Ana Beatriz Barra enfatiza que as pessoas devem estar atentas ao aspecto e ao cheiro da urina. Segundo ela, a coloração normal da urina é amarelo-clara. "Se estiver avermelhada ou espumando, é sinal de que a pessoa não está ingerindo quantidade suficiente de água. O indicado é procurar um nefrologista rapidamente", aconselha Ana Beatriz.


INIMIGO MORTAL
Segundo os médicos, há medidas simples, mas eficazes, para manter os rins saudáveis. A principal delas é, sem dúvida, consumir menos sal. Os nefrologistas são categóricos ao afirmar que, do ponto de vista alimentar, o sal é o maior inimigo do rim. "O sal é essencial à alimentação. Mas os níveis consumidos pelo brasileiro já são quase três vezes maiores do que os recomendados pela Organização Mundial da Saúde", ressalva Eloísio Alexsandro da Silva.

A OMS recomenda que adultos consumam de 4 g a 6 g de sal por dia. Além de ingerir menos sal, os especialistas indicam, ainda, manter uma dieta equilibrada, praticar atividades físicas e tomar água, bastante água. "Algo em torno de 1,5 litro a 2 litros por dia", especifica Fabrício Guimarães Bino.


PEDRAS NOS RINS
Mas não são todas as doenças renais que provocam insuficiência renal. Se algumas delas são crônicas como a hipertensão e o diabetes, outras podem ser agudas. Um bom exemplo disso são os cálculos renais. Mais popularmente conhecidos como "pedras nos rins", resultam do acúmulo de cristais na urina.

"O cálculo renal é mais frequente do que a gente pensa. Em países tropicais, como o Brasil, onde a população se desidrata com facilidade, o percentual de portadores de pedras nos rins pode chegar a 10%", afirma Jocemir Lugon.

Para os especialistas, as pessoas que consomem sal em excesso, ingerem alimentos ricos em proteína animal e, principalmente, bebem pouca água são as mais propensas a sofrer de litíase renal - nome dado à formação de cálculos renais. E, neste caso, sofrer não é uma força de expressão. Na maioria dos casos, os episódios de cólica renal são abruptos e muito dolorosos. "A cada dez pessoas, pelo menos uma vai sofrer de cólica de rim ao longo da vida. E a dor da cólica renal é uma das piores que existem. É comparável à dor do infarto ou, então, à do parto", afirma Eloísio Alexsandro da Silva.

Segundo Jocemir Lugon, o tratamento para cálculos renais pode ser tanto clínico quanto cirúrgico. "Alguns cálculos podem ser dissolvidos pela ingestão de medicamentos. Outros, no entanto, só por intermédio de procedimentos endoscópicos", pondera o nefrologista. Se alguns cálculos são pequenos, quase microscópicos, outros podem medir até inacreditáveis 5 centímetros de diâmetro. E mais: as chances de uma pessoa que tem ou já teve cálculo renal voltar a desenvolver o problema é de 50%. Ou seja, na dúvida, é importante visitar o especialista regularmente para prevenir novas dores de cabeça. E de cálculos renais também.